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Casos 

Digno de registro foi um caso sucedido com o Dr. Bezerra de Menezes, quando ainda era estudante de Medicina. Ele estava em sérias dificuldades financeiras, precisando da quantia de cinqüenta mil réis, para pagamento das taxas da Faculdade e para outros gastos indispensáveis em sua habitação, pois o senhorio, sem qualquer contemplação, ameaçava despejá-lo.

Desesperado - uma das raras vezes em que Bezerra se desesperou na vida - e como não fosse incrédulo, ergueu os olhos ao Alto e apelou a Deus.

Poucos dias após bateram-lhe à porta. Era um moço simpático e de atitudes polidas que pretendia tratar algumas aulas de Matemática.

Bezerra recusou, a princípio, alegando ser essa matéria a que mais detestava, entretanto, o visitante insistiu e por fim, lembrando-se de sua situação desesperadora, resolveu aceitar.

O moço pretextou então que poderia esbanjar a mesada recebida do pai, pediu licença para efetuar o pagamento de todas as aulas adiantadamente. Após alguma relutância, convencido, acedeu. O moço entregou-lhe então a quantia de cinqüenta mil réis. Combinado o dia e a hora para o início das aulas, o visitante despediu-se, deixando Bezerra muito feliz, pois conseguiu assim pagar o aluguel e as taxas da Faculdade. Procurou livros na biblioteca pública para se preparar na matéria, mas o rapaz nunca mais apareceu.

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Outra vez, um homem o procurou dizendo estar desempregado e doente, como os seus. Bezerra olhou nos bolsos e nada encontrou, perguntou então se ele acreditava em Nossa Senhora, o que ele disse que sim, então lhe deu um abraço dizendo que era em nome dela, e disse para repetir o gesto em casa. Na semana seguinte voltou para agradecer pois ficou curado e arranjara emprego.

 

 

Sua esposa tinha problemas, e os médicos diziam que era tuberculose, o que era muito grave na época. Os espíritos indicaram problema em outro lugar, no útero, e a curaram.

Certa vez sua esposa foi procura-lo pois sua filha estava muito doente, mas ao sair foi chamado por outra mulher, pedindo ajuda para o filho que também adoecera, Disse a esposa que não pode deixar de atender a quem chama, de modo que entrega a filha a Jesus, e vai até o outro enfermo, esperando, ao retornar à casa, encontrar a filha morta, mas a doença passara completamente, de onde conclui que Jesus é melhor médico que ele.

 

 

 

"Um dia perguntado ao Dr. Bezerra de Menezes qual foi a sua maior felicidade quando chegou ao plano espiritual. Ele respondeu:

- A minha maior felicidade, meu filho, foi quando Celina, a mensageira de Maria Santíssima, se aproximou do leito em que eu ainda estava dormindo e, tocando-me, falou suavemente:

- Bezerra, acorde, Bezerra!

Abri os olhos e vi-a, bela e radiosa.

- Minha filha, é você Celina?!

- Sim, sou eu, meu amigo. A mãe de Jesus pediu-me que lhe dissesse que você já se encontra na Vida Espiritual, havendo atravessado a porta da imortalidade. Agora, Bezerra, desperte feliz.

Chegaram os meus familiares, os companheiros queridos das hostes espíritas que me vinham saudar. Mas eu ouvia um murmúrio, que me parecia vir de fora. Então, Celina me disse:

- Venha ver, Bezerra.

Ajudando a erguer-me do leito, amparou-me até a escada, e eu vi uma multidão que acenava, com ternura e lágrimas nos olhos.

- Quem são, Celina - perguntei - não conheço ninguém. Quem são?

- São aqueles a quem você consolou, sem nunca perguntar-lhes o nome. São aqueles espíritos atormentados, que chegaram às sessões mediúnicas e a sua palavra caiu sobre eles como um bálsamo numa ferida em chaga viva; são os esquecidos da Terra, os destroçados do mundo, a quem você estimulou e guiou. São eles, que o vêm saudar no pórtico da eternidade...

E o Dr. Bezerra concluiu:

- A felicidade sem lindes existe, minha filha, como decorrência do bem que fazemos, das lágrimas que semeamos no caminho, para atapetar a senda que um dia percorremos".

No Plano Espiritual, em 1950, Maria de Nazaré chamou-o para zonas superiores, mas ele preferiu ficar aqui, junto de seus pobres e doentes.

 

 

Bezerra de Menezes tinha a função de médico no mais elevado conceito, por isso, dizia ele:

"Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate à porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta hora da noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro, o que sobretudo pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem lhe chora à porta que procure outro - esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos de formatura. Esse é um desgraçado, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única espórtula que podia saciar a sede de riqueza do seu Espírito, a única que jamais se perderá nos vaivéns da vida."

 

 

 

 

Dedicava-se unicamente aos pobres, dando consultas gratuitas. Como não conseguia cobrar, seu amigo, dono da farmácia onde atendia é quem pedia ajuda aos que podiam. Não tendo nenhuma fonte de renda além dessa, passava portanto, muitas privações.

Muitas vezes, comovido com o pesar das pessoas, ia até o amigo farmacêutico e pegava tudo o que ele tinha recebido e distribuía aos necessitados que o procuravam.

 

 

Corria sempre ao tugúrio do pobre, onde houvesse um mal a combater, levando ao aflito o conforto de sua palavra de bondade, o recurso da ciência de médico e o auxílio da sua bolsa minguada e generosa.

Missionário que sempre fora, um dia ao atender uma mulher, prescreveu os remédios e lhe disse que poderia compra-los ali mesmo, ao que esta respondeu que não tinha nem para dar o que comer, quanto mais comprar remédios. Bezerra procurou nos bolsos e nada encontrou, olhou em volta e nada viu, reparou então em seu anel de formatura, e deu-o, sem pestanejar para comprar medicamento para o filho doente.

Em certa ocasião a situação estava muito ruim, sua mulher lhe disse que não teriam o que comer à noite, e ele respondeu que confiasse em Jesus. Ao voltar de noite ela reclamou do seu exagero, o que ele estranhou, então ela mostrou uma enorme quantidade de alimentos que lhe foi entregue de manhã, cuja origem jamais souberam.

Foto: Consultório do Dr. Bezerra de Menezes no Rio de Janeiro

Foto: Em 1865 desposou, em segundas núpcias, Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã por parte de mãe de sua primeira esposa, e que cuidava de seus filhos até então, com quem teve mais sete filhos.

Trailer do filme "Bezerra de Menezes - o diário de um espírito"

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